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Breve pensamento sobre a linguagem


O signo necessita do silêncio.
Ferdinand Sassure, pai da linguística moderna, caracterizou o signo como a junção do significado (conceito) com o significante (morfologia e som).
Reafirmo: o signo depende do silêncio.
A linguagem nasce com o homem e o homem nasce com a liguagem. É a partir desta que ele organiza o pensamento. A limitação de um implica a limitação do outro. A comunicação pura e virgem, a manifestação do sentido, acontece no primeiro grito do recém-nascido. A partir desse momento*, todo o acto comunicativo implica repetição.
Estamos dentro do vazio, do grande silêncio, enquanto nos aproximamos de uma misteriosa mancha negra. Caminhamos até ela, entramos e conseguimos distinguir, lentamente, sons e letras e números. De forma abstracta, o primeiro grito simboliza o agonizante início da descoberta do mundo e do mistério da linguagem. É o único "Incipit" do ser humano, se não considerarmos este grito como repetição da Criação. Tentamos organizar sons, colocar letra após letra, em busca de um sentido, sempre dentro de um espaço (mais ou menos) pequeno, talvez claustrofóbico, a que chamamos cultura.
Comunicamos e ainda não percebemos que tudo é um jogo de inclusão e exclusão de som, de conceito, de forma. Descobrimos o tempo passado, o presente e o futuro e, em consequência, a angústia inerente à condição humana emerge:
"Eu não existia (não ERA) quando isto aconteceu"
"Eu não sei se estarei( SOU/SEREI) cá amanhã para ver o que vai acontecer"
Não sabemos se continuamos a ser o que somos hoje. Porque se há passado, também há futuro.
A Linguagem é o espelho da alma e/ou (in)consciência do Homo Sapiens.
II
O Homem não é estúpido. Pode ser mau, mas não é estúpido. O imbecil nunca conseguiria divorciar o som da forma e, assim, criar universos sonoros (música); jamais pegaria em pedras e construiria uma cidade e diria "olhem como tudo o que faço tem uma mensagem" e nunca, mas nunca, poderia usar o seu corpo como um complexo aparelho fonador para musicar o grito original através de vogais, consoantes, palavras e frases. Jamais conseguiria concentrar o que há de mais belo em palavras tão pequenas, "Fé", tão simples, "Amizade", tão vivas, "Paixão" e tão intemporais como "Amor".



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