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Texto sobre apresentação de "Atlas do Corpo e da Imaginação"


                                 



António Guerreiro: “Gonçalo M. Tavares vale por uma literatura inteira”


Um livro apresentado numa livraria. Um livro em casa.
A Leya Buchholz (Duque de Palmela) foi o local escolhido para o lançamento de “Atlas do Corpo e da Imaginação” (Caminho), escrito por Gonçalo M. Tavares (1970) e com colaboração do grupo de arquitectos/artistas “Os Espacialistas”, na passada tarde de quinta-feira, 28 de Novembro.
António Guerreiro (crítico literário) e Delfim Sardo (docente universitário e ensaísta em Arte e Arquitectura) apresentaram a obra.
Depois de uma breve introdução por Zeferino Coelho, editor da Caminho, António Guerreiro partilhou a sua interpretação, demonstrando o entusiasmo sentido e o seu conhecimento sobre literatura.
Num discurso laudatório, António Guerreiro adjectivou o livro de “objecto singular com um título excepcional”.
A transversalidade da criação do escritor português levou o crítico literário a afirmar que Gonçalo M Tavares “vale por uma literatura inteira”, pois abarca todos os géneros literários, existentes ou ainda em potência.

“ «Atlas do Corpo e da Imaginação» é uma obra de arte total”.
O livro concede a liberdade de ser começado por onde o leitor quiser. O objecto de reflexão é o próprio pensamento: “o que significa pensar?”
O leitor é desafiado a acompanhar o raciocínio sobre a própria linguagem. Esta obra de não-ficção torna visual o pensamento.
Tendo Wittgenstein como figura tutelar, “Atlas do Corpo e da Imaginação” aborda a passagem do físico (mão, por exemplo) à intangibilidade do pensamento na escrita (ou linguagem numa forma mais abstracta).
Por sua vez, Delfim Sardo interpretou o texto como um campo aberto de possibilidades. Há a demanda pela anterioridade: ao logos, à carne, ao pensamento, à linguagem.
A textualidade presente é a de um trabalho filosófico com uma intensidade e espessura como raramente se tem visto na contemporaneidade.
Delfim Sardo aponta vários aspectos essenciais, quando se refere ao pensamento/filosofia existente no texto: a metáfora como processo; a metáfora como método cognitivo e a possibilidade estética.
É um livro com várias camadas de interpretação, pois a ligação entre texto, fotografias, legendas e notas pode efectivar-se em várias combinações.
A relação entre o ponto de vista moral e o ponto de vista mecânico (mundo/cidade e corpo) é essencial na obra do autor português.
“Os Espacialistas” têm um papel no aprofundamento desta relação entre pensamento e espaço. Tanto para António Guerreiro como para Delfim Sardo, o trabalho de “Os Espacialistas” é espantoso.
Por fim, e de forma muito breve, o escritor finalizou a apresentação do seu próprio livro, falando sobre as dificuldades da concretização deste projecto, “fisicamente violento”, e nas muitas ideias nascidas ao ouvir os seus convidados falar sobre as respectivas leituras.




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1 Comentários

Unknown disse…
Mais um para a wish list. O Gonçalo M Tavares é genial, a coleção de Livros Negros é divinal!