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Ciclo de Mesas-Redondas em torno de uma pergunta: «O que é ser moderno hoje?»:



1.ª Sessão: «Orpheu não morreu, Orpheu continua»: revistas de poesia hoje



A influência da Orpheu



100 Anos depois de Orpheu, António Carlos Cortez (professor, poeta e crítico literário), José Mário Silva (poeta, jornalista e crítico literário) e Luís Ricardo Duarte (jornalista e crítico literário) organizam e moderam um Ciclo de Mesas-Redondas em torno de uma pergunta: «O que é ser moderno hoje?».


Os locais privilegiados para receber as seis mesas de debate são a Casa Fernando Pessoa (15 de Abril; 6 e 20 de Maio) e o Martinho da Arcada (22 de Abril; 13 e 27 de Maio).
A 1ª Mesa de debate aconteceu no passado dia 15 com a presença de Luís Ricardo Duarte (moderador), Gastão Cruz (poeta e ensaísta), João Pedro Azul (professor, escritor e editor da “Flanzine”), Margarida Gil dos Reis (directora da revista “Textos e Pretextos”) e Tiago Gomes (poeta, performer e editor da Revista “Bíblia”).


A I Guerra Mundial interrompeu o conformismo social e artístico na Europa. Neste período dramático, alguns autores voltaram de Paris para Portugal. Encontraram Lisboa entregue ao naturalismo e ao realismo. As influências a que foram expostos em território estrangeiro viriam a ser decisivas no nascimento de novas correntes artísticas portuguesas. As tertúlias e as revistas literárias eram escolhidas como principais meios de difusão cultural.
Neste ambiente criativo, preenchido pela vontade de inovar, nasce a revista Orpheu (1915). O Orfismo seria o principal momento do Modernismo, em Portugal, seguido do Movimento Presencista, que tinha a revista Presença como principal meio de divulgação.
Foi nos cafés lisboetas, como Martinho da Arcada, que se reuniram Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Raul Leal, Ronald de Carvalho, entre outros.
A vanguarda modernista impôs irreverência e causou escândalo nas tertúlias sobre pintura, música, literatura e outros meios de expressão artística. O seu surgimento provocou uma ruptura estética entre os artistas mais normativos na realidade portuguesa.
Apesar da sua curta existência, a Revista Orpheu viria a motivar o aparecimento de novas revistas: Centauro (1916), Exílio (1916), Ícaro (1917), Portugal futurista (1917).
Seria possível aparecer uma revista pós-Orpheu causadora da mesma animosidade e discussão?
“Penso que não. Já ninguém se choca com coisa nenhuma”, disse Gastão Cruz.
“Apesar de tudo, uma das últimas intervenções poéticas que conseguiu chocar, até para nossa surpresa, foi em 61. De facto, a crítica de João Gaspar Simões é violentíssima.
Não estávamos preparados para isso. Não tinhas intenção de fazer uma revolução, embora soubéssemos que estávamos a tentar várias linguagens”
Para João Pedro Azul, é quase impossível um jornal ou suplemento fazer capa com uma revista, hoje.
“A crítica já não olha para estes projectos”
A precariedade das condições de produção e divulgação são partilhadas por Tiago Gomes, editor da revista “Bíblia”. A “Flanzine” e a “Bíblia” dependem dos próprios editores para serem distribuídas e vendidas.
São projectos que tentam fugir à lógica de mercado, evitam aumentar o preço para se manterem acessíveis a vários tipos de público e promovem a publicação de autores consagrados e desconhecidos.
A “Textos e Pretextos” tem características diferentes.
Contextualizada por um ambiente académico, a “Textos e Pretextos” foi lançada na Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras de Lisboa com o objectivo de “criar um espaço, quer a nível ensaístico que a nível de pesquisa bibliográfica sobre autores [vivos] ou sobre temas.”
É um espaço de liberdade artística. O Centro de Estudos Comparatistas procurou criar um lugar de encontro entre artes, reinvenção e afirmação de várias estéticas.
A geração pós-modernista parece não sofrer influência directa da revista Orfeu, embora, como disse Margarida Gil dos Reis, serem todos, de algum modo, interlocutores de Fernando Pessoa.
A influência chega ao século ao XXI de forma indirecta, mas reconhecida.
O Ciclo de Mesas-Redondas com o tema “O que é Ser Moderno Hoje?” continua no próximo dia 22 de Abril, no Martinho da Arcada.

António Carlos Cortez, Fernando Luís Sampaio, Frederico Pedreira, Paula Cristina Costa e Paulo Tavares debatem “Cristal e Chama: que é e para que serve a poesia?” 










http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=769411


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